sexta-feira, 28 de março de 2025

Mudar de vida

 Hoje eu me deparei com um video da Monja Coen dizendo "Coragem para mudar de vida não é o opção, tem momentos que a gente sente na vida uma exaustão do que estamos fazendo, de como temos vivido e sentimos uma necessidade de mudança. Quando o momento da mudança chega não é nem coragem , é que ela tem que acontecer e a gente apenas segue o fluxo da nossa própria existência, que nos leva até um determinado lugar."


 Mudar não é facíl, mas se sentir igual pode ser ainda mais angustiante... pode ser uma prisão.

            

 

terça-feira, 25 de março de 2025

Diários do meu despertar

            A bruxaria me foi apresentada no dia 22/04/2024.

            É uma data curiosíssima, só com os números 2 e 4 que somados dão o número 6, que é o número do feminino da harmonia, do amor, família, responsabilidade, equilíbrio e compaixão. 

            No tarot a carta 6 são os enamorados, que é uma carta de decisão, de escolhas, pois tudo na vida tem no mínimo 2 caminhos. Se o seu coração está mandando você seguir um caminho, confie em seus instintos.

         Quando fazemos a numerologia da data temos o número 7, que é um numero que nos convida ao conhecimento e à reflexão profunda, ao estudo. É um número místico que está presente na teoria dos setênios de Rudolf Steiner, mas não vou me estender sobre isto agora, pois os setênios merecem um texto só para eles.

        No tarot a carta 7 é o carro. Uma carta potente, uma carta de movimento, de alguém que segura a rédeas, está no controle de suas ações e com determinação vai em busca de algo. Se por um lado podemos ver o carro desta forma, devemos sempre lembrar que o mundo é dual e assim esta não será a única leitura sobre ele. O carro também pode simbolizar uma pressa, igual ao ditado "apressado como cru e passa mal".
        A pressa inconsequente em querer chegar sem planejar bem onde, nem para que. "Pra quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve", só que vamos chegar neste lugar, que pode ter qualquer coisa.

          A bruxaria é um convite para o desenvolvimento da autoconsciência com consequência. 
  
       A  importância de desenvolver a autoconsciência não era um assunto desconhecido para mim, sendo algo que me acompanha desde criança, mas a bruxaria trouxe ela para uma nova dimensão, ela trouxe para dimensão da consequência. 

       Quais são as consequências quando conduzimos a nova vida sem consciência, sem conexão com o nosso propósito e desalinhados com os nossos desejos?

    Hoje tenho clareza que os meus guardiões e a minha espiritualidade estavam exaustos de me ver "perdida", me desperdiçando, onde as oportunidades chegavam , eu olhava, era chamada e no meio do caminho me distraía.

    Colocaram no meu caminho uma alma que precisava dos cuidados que eu era perfeita para dar e ela tinha os ensinamentos que eu precisava receber, junto com a atitude necessária para me fazer despertar.
        
        Eu sou movida por desafios, as maiores realizações da minha vida foram em momentos nos quais fui desafiada.

            A bruxa que foi colocada para me guiar no meu despertar, desde o início, teve uma atitude de esperar demais de mim, me questionando por que eu ainda não havia rompido com as heranças, padrões e crenças familiares. Não havia o que eu pudesse esconder dela, mesmo coisas que eu  estava escondendo para mim mesma, eram colocados em evidência.  Não de uma forma "fofa", mas de uma forma desafiadora.
            A pergunta constante era "Quem é você?", "Qual o seu propósito?", "O que você está fazendo para se amar?", "Você não vai cuidar de você?  Sem cuidar de você como você espera cuidar de mim ou de qualquer outra pessoa?", "Como eu vou te amar se você não está se amando?"
                Estar com alguém que só quer você se você for como é em sua essência, parece lindo, mas não é nada romântico pois se conhecer é um mergulho sofrido. Não se conhece quem se é sem encarar de forma honesta as próprias sombras.

          Para alguém conseguir me mover, precisava ser alguém com que eu me sentisse espiritualmente conectada, alguém que eu visse que tinha propósitos que tinham afinidades com os meus, que naquele momento eu nem sabia quais eram mas a energia do encontro comunicava sem palavras.

                Quando a busca por tudo isto ficou insuportável para mim, ela já estava mais forte e foi terminar de curar as feridas dela. Nos despedimos numa despedida "sem despedida". Ela apenas me deixou em casa, disse palavras duras que feriram o meu ego, com o complemento "aprenda agora, não deixe mais para depois".
                Não nos vimos mais, somente falamos por whastapp as vezes e trocamos uns memes pelo instagram.
                    
            Quem chegou até aqui pode achar que esta é uma história sem "final feliz", mas o final feliz sou eu.
            Eu sei quem sou e sei o que desejo
            Sei qual é o meu propósito
            Estou me cuidando como nunca antes
            Me amo como nunca antes

            A bruxa quando chega na sua vida, ela nunca vai embora totalmente, ela pode ir fisicamente, mas se você se conectar verdadeiramente com os desafios que ela te coloca, sabe o que ela deixa com você ? Você em sua essência.

            Doi? Muito
            Foi fácil? Nem perto disto
            Teve angustia? Muita

            Valeu a pena? Faria tudo de novo
       


quinta-feira, 6 de março de 2025

Amar, verbo em transição

Eu sou uma cuidadora, adoro cuidar de quem amo e quem não gosta de ser cuidado?

Eu quero aprender, cada vez mais a me deixar cuidar também.

Qual é a medida do cuidado? Quando o cuidado se torna um excesso e uma invasão a autonomia do outro? Quando o cuidado "desresponsabiliza"  e "desocupa" o outro, pois quem realiza assume para si tarefas e decisões que são do outro?

O cuidado é uma forma de comunicar ao outro como nos sentimos em relação à ele. Isto é ok.

Quando usamos do ato de cuidar querendo comunicar amor,, o amor é o significado e o cuidado é o significante, ele é o tangível.

Nesta sintaxe como ordenar as palavras, as ações e desejos?

Três perguntas são fundamentais: 

  • Como cada um se sente cuidado? 
  • Qual é a medida adequada do cuidar? 
  • Tem reciprocidade no cuidado?

Eu percebi que durante anos da minha vida eu fiz somente uma pergunta, só busquei  compreender o que faz o outro se sentir amado. Não refleti sobre qual é a medida adequada para cuidar, decidindo e assim desresponsabilizando o outro sobre a necessidade de se posicionar  e também não prestei a necessária atenção sobre a importância de se deixar cuidar, equilibrando a troca entre "dar e receber".

Eu me sinto amada sendo valorizada como importante na vida de quem amo. Quando a minha presença é reconhecida e quando recebo apoio realizando alguma tarefa. Nunca dei o devido valor em ser amada sendo cuidada, mas deveria e agora não quero mais deixar de prestar atenção nisto.

Existem tantas diferenças entre nós, somos diferentes na forma como amamos, em como nos sentimos amados, como entendemos "cuidado". As nossas referências sempre são únicas, pois trazemos da família, das relações anteriores, trazemos de experiências de amor, de vivências de dor, assim somos uma resultado deste complexo de inúmeras conexões.

A gente fala tanto sobre amor e por vezes acha que amar é uma emoção quase que sobrenatural, espontânea, que por ser sentida não é passível de ser aprendida. Se é possível "aprender" a amar, isto eu também não sei, mas sei que é possível e necessário aprender a comunicar o amor.

Precisamos fazer um processo de reflexão sobre como comunicamos o nosso amor. Podemos começar pensando: Como nossos país, ou nossos cuidadores, nos comunicaram o amor deles por nós? como eles comunicavam entre si? Quais foram minha primeiras referências de afeto? Nestas respostas não tem certo e errado, nelas vamos encontrar as nossas referências e a partir delas podemos reforçar o que queremos, transformar o que não desejamos e sobretudo nos aperfeiçoarmos. 

Nunca saberemos explicar totalmente como nos apaixonamos e porque amamos alguém, mas se queremos viver este sentimento na sua plenitude,  precisamos reconhecer que aprender a comunicar o amor é algo deve ser aprendido. 

Não podemos transferir para o outro a responsabilidade de "adivinhar" aquilo que queremos, nem podemos presumir que sabemos o que o outro quer, sem ele dizer.

 É preciso aprender a comunicar e neste ato se deve observar se o outro tem uma escuta ativa para nos ouvir, assim como devemos ter atenção para a nossa capacidade de escuta sobre o que o outro diz sobre ele.

Amar é se conectar com a dimensão do sentidos, por isto que é tão bem descrito pela arte e pela poesia. Os sentidos incluem a visão que nos conecta, o tato que arrepia, o odor que inebria, o paladar com suas ocitocinas e a audição que nos permite conhecer o objeto do nosso desejo, seus pensamentos, ideias e visões de mundo.

Viver o amor é se relacionar e se relacionar é comunicar.

Eu sinto que perdi amores por ruídos de comunicação e por não saber equilibrar o dar e receber.

O que faz a gente se sentir amado tem haver com a nossa história de vida, tem haver com a nossa infância, sobre o que a gente aprendeu que é o amor. Precisamos entender isto.

Os nossos códigos de amor são necessariamente diferentes e tá tudo bem. Só que o amor romântico hollywoodiano fez a gente acreditar que existe uma espécie de "amor de verdade", onde nele as pessoas se comunicam só pelo olhar, quase que de forma sensorial. 

Só que isto é empobrecedor dos nossos sentidos, além de ser irreal e nos impedindo de trazer o amor para a concretude do dia a dia,  onde ele é de fato vivido.

O relacionamento não preciso só de amor, ele precisa de todos os sentidos, e ser trazido para a dimensão concreta da troca e da comunicação. É dizer para o outro o que nos faz nos sentir amados e ouvir o que o outro espera, é demandar e atender demandas, é também colocar de forma amorosa seus limites e acolher os limites do outro, sem julgar:  "você pode ir comigo assistir este programa?"; "Eu não gosto muito, mas se para você é importante eu posso ir"; "Neste programa eu não vou, prefiro te encontrar depois"; "Hoje eu gostaria de ir sozinha ver minhas amigas"; "Hoje fui na terapia e visitei alguns lugares dentro de mim que preciso ficar sozinha para me organizar"; "Eu gosto de receber presentes, me sinto valorizada"; "Você prefere ir sozinha ver seus filhos hoje?"; "Você quase não comenta quando tenho sucesso em algo, pode comentar, eu me sinto amada quando você compartilhar comigo as minhas vitórias".. 

Eu pensei e não disse "eu adoraria fazer este curso com você", "eu acho este grupo de discussão incrível, posso participar também?", "o que te chama atenção neste autor?", "me empresta este livro quando você acabar de ler? Eu acho tão interessante este assunto. Eu não entendo muito sobre isto, mas gostaria de saber mais para conversarmos juntas"

De um lado esperaram eu ir ao encontro, de outro eu tive vergonha de me "oferecer" para participar.

Algumas relações acabam não porque faltou amor ou faltou desejo, faltou comunicar...

É importante que a gente pergunte sem julgar,  que o outro saiba responder sem impaciência, que nos pergunte com interesse nos que temos a dizer, enfim que ambos saibam se comunicar de forma amorosa, respeitosa e não julgadora.

As respostas nem sempre estão prontas, pode ser que elas precisam de tempo.

Quando amamos as vezes temos o sentido da urgência e com isto, achando que sabemos o outro quer, antes dele comunicar, a gente se adianta. 

A intenção é ótima, mas apesar se ser motivada pelo amor, é um pseudo amor, pois não respeita o tempo do outro em processar, para que ele encontre a resposta onde se sente mais acolhido e confortável.

Tempo é o intervalo entre dois momentos e precisamos aprender a respeitar os intervalos.

O intervalo pode ser um mergulho para a cura e para o autoconhecimento.

Eu mergulhei, mas não sei ainda se já saí, não sei se este texto é um fechamento deste processo, ou se só estou pegando um folego para mergulhar novamente, mas sinto que não sou mais a mesma Marcelle que começou.

O que eu sei é que estou disposta a não repetir o que já aprendi.

Menos dogmas, mais comunicação, menos ruídos e mais amor